Reunidos, na cidade de Belém, no dia 14 de maio de 1999, as entidades, partidos, movimento, instituições e comunidades abaixo assinadas atendem ao clamor do povo Zapatista e convocam o II Encontro Americano Pela Humanidade e Contra o Neoliberalismo.
O II Encontro se realizará na cidade de Belém do Pará, no Brasil no período compreendido entre 06 a 11 de dezembro de 1999.
Embora seus objetivos - a construção da unidade entre os povos americanos, contra a Barbárie imperialista - sejam os mesmos de outros eventos internacionais; o II Encontro pela vida contra o neoliberalismo, é um desafio inédito para a esquerda continental e não é similar a outros encontros de unidade já realizados em nosso continente.
Em primeiro lugar pela amplitude da participação: No II Encontro participarão indistintamente partidos políticos, comunidades indígenas, afroamericanas, governos, instituições e entidades as mais diversas e particularmente o povo da cidade de Belém, que deverá ser una dos maiores protagonistas do evento. Nenhuma delegação ou delegado gozará de qualquer privilégio.
Nenhum critério uniformizará as delegações a não ser o compromisso com a luta de toda humanidade para vencer a devastação neoliberal.
Em segundo lugar o II Encontro mais do que um ato, é movimento.
Mais do que um congresso para ratificar conclusões já sabidas é um espaço para a ação revolucionária. Muito além de uma reunião dos representantes dos povo, pretende ser um processo que incorpora com vez e voz amplas parcelas do povos. Reconhecendo o papel fundamental das vanguardas políticas, o II Encontro não deixa também de reconhecer a importância da consigna que diz:
"Mandar, obedecendo".

Para ser fiel a essas intenções, o II Encontro se constituirá através de um processo original, onde a própria viagem das delegações a Belém já fará parte de sua construção: na sua jornada até a sede do II Encontro, recomenda-se a cada delegação utilizar um itinerário que permita o máximo contato com populações e formas de organização populares em vários países ou de diversos estados no caso das delegações brasileiras.
O objetivo é discutir amplamente com o povo de cada localidade a proposta de Manifesto pela Humanidade dos Povos Americanos, a ser aprovado na Reunião Internacional Preparatória do II Encontro a se realizada no final do mês de agosto, em Belém.
Da discussão com pessoas, comunidades categorias profissionais que reflitam as mais variadas facetas do povo deverão surgir propostas de alterações no texto, sugestões, críticas, propostas de luta e organização, comentários, aprovações e rejeições que deverão ser altamente consideradas pelo plenário do II Encontro no momento da elaboração e aprovação definitiva do Manifesto.
Está tarefa exige um trabalho acurado de planejamento por parte de cada delegação. Será preciso escolher criteriosamente o trajeto a ser percorrido, bem como discutir os métodos para estabelecer uma relação afetuosa e mutuamente proveitosa com o povo "da beira dos caminhos", que serão o tempo todo nossos companheiros de viagem.
Será também necessário atenção especial para o trabalho de registro e sistematização das opiniões recolhidas que deverão contar em um relatório a ser entregue à Comissão Organizadora do II Encontro na chegada de cada delegação a Belém.
Se tivermos êxito na construção deste processo, o II Encontro não será apenas uma tribuna para se anunciar a luta, mas sim, um movimento múltiplo, combinando semeadura e combate, consciência e organização.
Pela primeira vez em nossa história, organizações sociais, partidos, movimentos, indivíduos concretos e não apenas palavras participarão de uma ação comum, unificada na prática por todos rincões da América. Pela primeira vez poderemos ver e tocar a unidade do nosso povo.
Além dos objetivos já declarados o II Encontro Americano Pela Humanidade e Contra o Neoliberalismo visa a realização de um amplo intercâmbio político e cultural entre as várias delegações e entre o povo de Belém.
Na pauta dos debates estarão em foco as seguintes mesas de discussão:

1 - A crise da gestão da esquerda e da crise;
2 - A resistência sindical e sua perplexidade frente ao capital;
3 - A biosfera sem amanhã: O irrespirável meio ambiente do capitalismo do século XXI,
3.1 - O desenvolvimento sustentável na Amazônia;
4 - Como romper o encantamento do capitalismo globalizado,
4.1 - Crises e alternativas.
4.2 - Que socialismo queremos;
5 - O que fazer com a IV Guerra Mundial ?,
5.1 - O pacifismo frente as guerras "justas" da OTAN,
5.2 - Conviver com os mísseis;
6 - Os condenados da terra: Camponeses, estudantes e desempregados, jovens da periferia, mulheres, movimento indígena, movimento negro, encarcerados e desaparecidos, o futuro inquieto: crianças;
7 - Cultura : Viver como se luta e lutar como se vive. Além destes debates terão também espaços, comunicações sobre experiências ocorridas durante as caravanas de delegados e painéis abordando dois temas especiais:
Brasil 500 anos de Resistência Afro-Índigena-Popular com palestras e comunicados sobre as rebeliões populares na História Brasileira (Palmares, Guerra de Canudos, Revolução Cabana e outros) e homenagem aos heróis do povo abordando a vida e obra de grandes revolucionários americanos (José Martí, Ernesto Che Guevara, Simon Bolívar, Zumbi, Antônio onselheiro, Antônio Vinagre, etc.).
A metodologia a ser empregada em todas as atividades estimulará ao máximo a participação de cada delegado ao encontro.
Além das discussões, o segundo encontro terá uma variada gama de atividades culturais como mostras de filmes e vídeos, exposições de fotos e artes plásticas, bailes e shows de música e feira cultural.
Estão também previstos atos políticos na abertura do encontro, um ato em homenagem a Revolução Cabana (movimento revolucionário que sacudiu a Amazônia particularmente Belém durante os anos 1835 e 1840) e um comício de encerramento pela unidade dos povos americanos.
Até final de junho, a Comissão Organizadora Nacional receberá propostas de atividades para serem incluídas na programação. No final de junho publicará a programação definitiva. A existência de uma programação definida pela Comissão organizadora não pode, em momento algum, ser considerada uma camisa de força.
Pelo contrário, o segundo Encontro só terá sucesso se for palco de uma gama variada de inciativas bilaterais e multilaterais, que consignam a expressar toda a riqueza política e cultural de seus participantes.
As delegações visitantes ficarão alojadas no acampamento internacional Comandante Cabano Antônio Vinagre (comandante em chefe da Revolução Cabana, caído em combate na batalha onde as forças cabanas derrotaram, após nove dias de confronto, as tropas imperiais e reconquistaram Belém) a ser construído e em casas de moradores da cidade que dispensarão aos delegados a tradicional e afetuosa hospitalidade paraense. A organização do Encontro será composta pela Comissão Nacional de Organização, a ser eleita neste Seminário e sua Comissão Executiva que ficará sediada em Belém.
Além desses fóruns será realizada a reunião internacional preparatória, que será composta, no máximo por dois representantes das entidades, associações, movimentos ou comitês, engajados na preparação do II Encontro.
Sua pauta será a aprovação da proposta do Manifesto pela Unidade dos Povos Americanos e tomar todas as decisões necessárias para o sucesso do II Encontro.

Auditório do Palácio Antônio Lemos - Sede do Governo do Povo de Belém
14 de Maio de 1999

Sede da Comissão Nacional Organizadora -
Centro Memorial Cabano -
Rua Gurupá nº 304,
entre Rodrigues dos Santos e Cametá, Cidade Velha
Manoel Amaral

manoelamaral@mailbr.com.br