Presença Internacional na Palestina - primavera 2002

Palestina homepage
Tactical Media Crew homepage
homepage Correspondência primavera 2002

Correspondência dos territórios ocupados


Jenin, crimes de guerra

extraído do jornal il manifesto: http://www.ilmanifesto.it/

Jornalistas, voluntários, Amnesty: primeiros testemunhos da carnificina
STEFANO CHIARINI

«Um crime de guerra monstruoso, que Israel tem tentado esconder da 15 dias, está a vir ao de cima. As tropas devastaram o centro do campo de Jenin...onde milhares de pessoas ainda vivem entre as ruínas...por todo o lado o sabor doce e azêdo dos corpos humanos em decomposição, é prova de que se trata de uma enorme sepultura...num edifício semi destruído, escurecido pelo fumo, jaz o corpo inchado de um homem coberto por uma esteira. Num outro, encontramos os restos de um rapaz de 23 anos,
Ashraf abu Hejar, enterrado sob os escombros...num terceiro edifício cinco homens, mortos já da muito, jazem por baixo de cobertores".

As reportagens de Phil Reeves do "The Indipendent", e dos inviados dos principais jornais internacionais, os testemunhos de alguns voluntários de varios países, de funcionários da ONU e sobretudo de uma delegação de Amnesty International, começaram a provocar as primeiras rachas no muro de silêncio criado pelo exército israelita à volta da carnificina feita no campo de prófugos de Jenin.

Uma semana de trabalho duro fez com que muitos dos corpos dos refugiados palestinianos mortos já não sejam visíveis, pois estão enterrados de baixo dos escombros ou levados quem sabe para onde, ou enterrados em fossas comuns. Um sobrevivente, um certo
Kamal Anis, interrogado por Phil Reeves, indica uma zona coberta de ruínas: "diz-nos que viu ali os soldados israelitas a amontoar uns trinta corpos por baixo de uma casa meia derrocada. Acabado o pilar de corpos, destruíram completamente a casa e aplanaram o terreno com um carro armado. Não podemos ver os corpos. Mas sentimos o cheiro deles".
Não é diferente o que nos conta o delegado da
Amnesty international, Javie Zuniga, que lançou um apêlo dramático do campo destruído, pedindo assistência para sobreviventes e um inquérito internacional: "È uma das piores cenas de devastação que eu tenha visto na minha vida...ainda ha a possibilidade que alguém se encontre vivo por baixo das ruínas...todavia, não ha nenhuma tentativa organizada de tentar salvar possiveis sobreviventes".

Para confirmar as afirmações de ontem à noite feitas pela Amnesty international, foram extraídas dos escombros das proprias casas duas mulheres, uma de 60 anos Farhan a-Saadi e Lina Abdel Latif. Um outro membro da equipe da Amnesty international, o professor Derrick Pounder, conseguiu chegar ontem ao hospital governativo de Jenin, para conduzir autópsias nos corpos vindos do campo. Mas por agora chegam pouquíssimos. Até hoje uns cinquenta. O exército evita de dar a possibilidade de escavar e impede um esforço cordinado de socorros e de pesquiza. Enfim, não só os palestinianos mas também muitos expoentes de organizações humanitárias internacionais, denunciam sem papas na lingua aquilo que aparece como um verdadeiro crime de guerra, uma violação clara da Convenção de Geneve acerca da protecção das populações civis sob uma ocupação militar. Convenção essa que proíbe o uso de violência contra os civis, assim como os tratamentos desumanos e humilhantes e a destruição de casas por represália. Para além disso, a Convenção, que impõe a todos os países assinantes de intervir de modo que as indicações sejam respeitadas, impõe também de socorrer e de tratar os feridos, e que seja completamente aberto o acesso aos primeiros socorros.

Tudo isto não aconteceu.
Um funcionário importante das Nações Unidas declarou: "dada a recusa lastimável e sem precedentes de permitir a entrada às organizações de socorro e humanitárias
nos campos, onde as pessoas morriam lentamente sob os escombros das proprias casas devido às feridas e à sede, compete a Israel dar conta do desaparecimento de milhares de refugiados que viviam no campo até a algumas semanas atrás". E afirma ainda: "...na verdade estavam a esconder um crime de guerra, ou melhor, dois crimes de guerra: o assassínio de massa e a proibição dos primeiros socorros".
A UNRWA, a agência da ONU para o welfare dos prófugos palestinianos, decidiu voltar a registar todos os 13.000 refugiados do campo só que muitos fugiram, outros foram presos, e outros ainda enterrados quem sabe aonde, e por isso vai levar meses a individuar o número de vítimas.

Assim como no massacre de Sabra e Chatila, ainda hoje não se conhece o verdadeiro número de pessoas assassinadas, pelo menos 2000, pelos falangistas cordinados e apoiados pelo exército israelita guiado por o então ministro da defesa Ariel Sharon. Esse mesmo Sharon que depois de Qibia, Gaza, Sabra e Chatila, é também agora o carrasco de Jenin.


Palestina homepage
Tactical Media Crew homepage
homepage Correspondência primavera 2002

71